O mercado vive um dia de tensão nesta segunda-feira (5) e as bolsas mundiais desabam. Em dia de aversão ao risco, os investidores temem a escalada da guerra no Oriente Médioe uma eventual recessão norte-americana.
Na Ásia, onde os mercados já fecharam, a bolsa do Japão (Nikkei 225) recuou 12,40% hoje. Já na China e em Hong Kong, Shanghai caiu 1,54% e Hang Seng desvalorizou 1,46%.
Na Europa e nos Estados Unidos (EUA), o cenário também é negativo:
- FTSE 100 (Londres): -2,30%;
- Dow Jones (EUA): -2,37%;
- S&P 500 (EUA): -2,91%;
- Nasdaq (EUA): -3,61%.
Diante desse cenário, o indicador da volatilidade esperada do mercado de ações dos EUA nos próximos 30 dias (VIX) chegou a saltar 112% para o maior patamar desde 2020, durante a pandemia da Covid-19. Agora, o “índice do medo” sobe 83,71%, a 42.97 pontos.
No Brasil, o Ibovespa (IBOV) recua 1,19%, a 124.357 pontos. Entre as ações, Magazine Luiza (MGLU3), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3) lideram a ponta negativa do principal índice da B3.
Do lado positivo, Bradesco (BBDC4), que divulgou um lucro de R$ 4,7 bilhão no segundo trimestre, é um dos únicos destaques de alta do dia.
Pânico nos mercados
Segundo o estrategista-chefe da Avenue, William Alves, é difícil justificar e entender movimentos de pânico no mercado. “Tais movimentos muitas vezes não possuem necessariamente um forte condicionante nos fundamentos econômicos. Mas alguns pontos podem ser elencados como vetores que contribuíram esse movimento”, diz.
Entre esses fatores, Alves destaca o receio frente a possível desaceleração da economia norte-americana, após dados mais fracos do mercado de trabalho.
O payroll divulgado na sexta (2) indicou que o país criou 114 mil vagas em julho. O número veio abaixo das expectativas de criação de 175 mil postos e representa uma forte desaceleração ante a leitura de junho, quando abriram 206 mil vagas.
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“Tais dados espalharam o receio de uma recessão mais forte nos EUA”, avalia o estrategista-chefe da Avenue.
Diante desse cenário, o mercado ajusta a expectativa em relação à possibilidade de um corte mais agressivo de juros em setembro. Analistas, inclusive, já avaliam que o Federal Reserve (Fed) deixou para iniciar o ciclo de corte de juros tarde demais.
Alves, da Avenue, ainda destaca que o movimento de hoje pode ser justificado, em partes, por uma realização de lucros no setor de tecnologia. As ações das empresas do segmento observaram fortes altas nos últimos 12 meses e os valuations estão elevados.
Não é só nos EUA
O estrategista-chefe da Avenue diz ainda que o movimento de cautela não parte apenas de premissas norte-americanas. A elevação das taxas de juros no Japão ao maior nível em 16 anos — de 0,15% a 0,25% — também preocupa.
Segundo Alves, a alta pode reduzir operações de carry trade, fortalecendo o iene, o que tenderia a prejudicar as empresas japonesas, tradicionalmente dependentes de exportações em seus resultados. O iene apresentou valorização de 14% em relação ao dólar nas últimas 3 semanas.
Além disso, há o receio em relação à possibilidade de escalada das tensões geopolíticas no Oriente Médio.
As tensões na região aumentaram na última semana após o assassinato em Teerã do líder do grupo militante palestino Hamas e um ataque israelense nos subúrbios de Beirute que matou um dos principais comandantes do grupo armado libanês Hezbollah.
O Hezbollah e o Irã prometeram retaliar Israel pelas mortes, o que gerou preocupações de que as várias frentes que estão sendo travadas paralelamente à guerra de Gaza possam se transformar em uma guerra regional total.
Buffet ajuda a abalar o mercado
A notícia de que Warren Buffet reduziu sua exposição a algumas de suas principais posições ajudou a elevar a percepção de que a atual relação risco versus retorno do mercado não está favorável.
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Depois de vender os papéis do Bank of America (BofA) por 12 dias consecutivos, o bilionário também aproveitou a ‘onda’ de liquidação do setor de tecnologia em Wall Street e se desfez quase metade de sua participação na Apple (AAPL).
A Berkshire Hathaway, conglomerado de Buffett, vendeu cerca de 390 milhões de ações da fabricante de iPhones no segundo trimestre, o que corresponde a 49% dos papéis que estavam na carteira da holding.